Vim à Paraty com um desejo: participar de uma festa de São Cosme e São Damião.
Perguntava a todos que eu encontrava se iria acontecer uma por perto.
Até que um morador da cidade, o Daniel de Jesus me indicou uma logo ali.
Por causa do vai e vem da vida, combinamos de nos encontrar hoje para ir à festa. Não fomos.
Então o desejo ficou ali guardadinho.
Anteontem conheci uma menininha linda no Salão da Magda, a mãe dela.
Quis fotografá-la, a Maria, filha da Magda, pelo seu rosto iluminado e mais por seu vestido azul marinho de bolas brancas. Um luxo!
Minha intenção verdadeira era presenteá-la com a foto impressa.
Pensei nisto desde o primeiro momento que a vi!
Fotos feitas.
Passemos para hoje!
Dia de São Cosme e Damião. Os gêmeos médicos que sempre povoaram minha infância aos 27 dias de setembro. Sempre amei esta data! Seja por causa dos doces que eu ganhava por ser gêmea. Seja por causa das festas que assisti em tenra idade nos vários terreiros e casas religiosas de minha cidade.
Hoje acordei com um só pensamento. Queria ofertar algo. Me doar. Aprender ou ensinar.
Peguei a impressão da foto da Maria e corri para o salão da mãe dela.
– Oiii, Magda! Cadê a Maria? Tenho um presente pra ela.
– A Maria está na festa do asilo.
– Festa? Onde? De São Cosme e São Damião?
– Não, todo final de mês os velhinhos ganham uma festa do aniversariante do mês!
– Ahhh, eu quero ir lá! Eu preciso!
Então, a Magda, a mãe da Maria, escolheu uma pessoa para me encaminhar até o asilo da cidade de Paraty.
Primeira surpresa: ele estava há apenas 10 pedras do salão da Magda.
Entrei. Me identifiquei e corri os olhos pelo lugar para localizar a menina Maria.
Achei. Lá estava ela dançando e girando na dança de roda com os velhinhos.
Que menina especial!
Com a foto na mão e já muito emocionada me coloquei na frente dela e estiquei os braços.
– Te trouxe um presente. É tua.
Ela, com os olhos brilhando aceitou a minha oferta. E ficou orgulhosa de se ver naquele pedaço de papel. Correu para a mãe num revés.
Não sem antes abraçar mais uma vez um velhinho alegre e sorridente. Decidi fotografá-los.
– Maria, consegue uma caneta pra tia poder escrever um recadinho para você.
Ela trouxe.
Segundos antes eu estava encantada com uma arte enquadrada na parede.
– De quem é? O que é isso? Que lindo? Queria para mim!
Minhas perguntas foram respondidas junto com a caneta.
– É do Saporem. Ah, a caneta também é dele!
Disse-me uma Maria familiarizada com a situação.
– Eu quero Maria!
– Vou chamar ele! Ele vende. Custa dez reais.
– Cadê ele?
Veio Maria e seu velhinho de camisa listrada. O mesmo da foto registrada momentos antes.
Carinho de Maria.
Obrigada, Maria.
Viva São Cosme e São Damião.
Viva Maria.
Viva Saropem. O artista esquecido no asilo.
*As emoções que vivi hoje vai para você, minha filha Gabriela, que aniversaria amanhã e que eu amo como se fosse minha filha mais velha preferida. rs
Vai para você também, Manoela, que, se você não tivesse nascido não formaria par com sua irmã, me ensinando que amar é sempre somar. Te amo também como se você fosse minha filha mais nova preferida.
Assim seja.
A dança de roda
A arte escondida no corredor
Eu e Saporem
Duas Marias
Linda sua história, Paraty lugar encantador minha família e de lá.